Eu voto Não. E vou dizer-vos porquê:
Quem tem de votar essa constituição não é o povo!
Afinal para que servem os Eurodeputados, as eleições Europeias e os nossos governantes?
Os nossos deputados europeus foram eleitos pelo seu povo para serem eles a decidir "essas coisas" em nosso lugar, pois ao contrário do resto do povo, eles têm o tempo e os conhecimentos técnicos para analisar esses documentos e decidir se são bons para os seus eleitores na sua terra natal. Foi para isso que foram eleitos, pelas suas supostas competências.
Meto entre aspas "essas coisas" de propósito, porque a constituição europeia é apena uma "coisa" que nenhum de nós sabe ao certo o que é, nem nunca terá condições para vir a saber, na sua totalidade.
A iniciativa "esperta" de alguns países fazerem este referendo à constituição europeia é uma HIPOCRISIA POLÍTICA! Políticos sem coragem e cobardes que, para não serem acusados no futuro de responsabilidade política de terem metido o seu país nesta aventura, e com a secreta intenção de manterem intacto o seu curriculum político pessoal na sua terra natal caso a Europa do futuro provocásse descontentamento ou fosse considerada responsável pelos males nacionais, jogam pelo seguro e demitem-se assim cobardemente das suas responsabilidades de decisão que lhes foi outorgada pelos seus eleitores quando estes os elegeram, remetem esta "batata quente" nas mãos do povo que por natureza, é técnicamente ignorante para avaliar este tipo de questões e infelizmente, é muito vulnerável à contra-informação.
Os facto é que o povo europeu insatisfeito com a presente estado da economia e receoso do seu futuro no contexto de uma constituição única (um receio que tem sido alimentado pela contra-informação dos eternos anti-europeístas: os fascistas de extrema-direita e os separatistas de extrema-esquerda,). No meio de tantas dúvidas, e por não saberem o que é aquilo, concentram-se nos "rumores negativos" propagandeados pelos anti-europeistas, e sem capacidade para avaliar por eles próprios, votam cautelosamente pelo NÃO. Neste contexto, o povo já não está a votar uma "constituição", está sim, a manifestar um "estado de espírito de medo profundo e o seu actual estado de (des)confiança no futuro" decorrente do actual estado das economias nacionais. A natural vitória do "NÃO" representa assim a vitória da voz do protesto contra a situação actual que cada um desses países vive (que todos nós vivemos) e também é uma vitória do "MEDO do futuro". Foi a ignorância, a hipocrisia, a contra-informação e principalmente o medo, que verdadeiramente ganharam este referendo na França e na Holanda.
Esses povos que já votaram NÃO, não votaram verdadeiramente "o NÃO a esta constituição"... Foi um voto que deve ser lido como: "NÃO SEI O QUE É ISSO, E COMO NÃO SEI O QUE É, NÃO VOU APROVAR UMA COISA QUE NÃO CONHECO E DE QUE TENHO MEDO!".
Neste ponto de vista, junto-me ao rebanho francês e holandês, voto "NÃO", mas não porque sou contra a constituição (na realidade acredito que, não conseguindo o melhor, e o melhor seria evitar a realização deste referendo remetendo essa decisão aos nossos profissionais de política, então, acredito que o utópico SIM seria agora a solução ideal de curto-prazo para a Europa, e depois mais tarde, debater-se-iam alterações à mesma em Parlamento Europeu, à medida que fosse necessário - desta forma evitar-se-ia a prejudicial actual descredibilização internacional da Europa e da sua moeda). Mas na realidade, estou a votar este NÃO em protesto.
Voto "NÃO" a esta espécie de políticos hipócritas e cobardes que nos governam a nós, e aos nossos familiares Europeus, e que se preocupam mais em não prejudicar as prespectivas da sobrevivência da sua carreira política pessoal, do que em servir corajosamente os povos que confiaram neles e os elegeram para eles tomarem essas decisões difíceis em seu nome.
A conclusão imediata que se tira é que os políticos são iguais em todo o mundo. A natureza humana, no seu melhor e no seu pior, não tem nação, é universal.
A verdadeira culpa do invitável chumbo a esta constituição, não foi dos povos, foi dos políticos cobardes da França e da Holanda (e de todos os países que vão referendar). Pois eles deviam ter votado eles próprios, nos seus próprios parlamentos nacionais e mais tarde no parlamento europeu - é para isso que foram eleitos pelo povo, porque o povo confia nas suas capacidades técnicas de avaliarem o que é melhor para o seu país, o que não está certo é demitirem-se dessa missão, devolvendo essa "batata quente" ao povo que é incapaz de a avaliar!
Com esta fuga cobarde através do referendo popular à constituição, alguns políticos europeus conseguiram "travar políticamente" a Europa por vários anos. Sabotaram-na, e por causa da reacção dos mercados financeiros, vão agora causar muito sofrimento económico aos seus povos nos próximos anos (embora no seu país sejam vistos como inocentes porque não aprovaram nem desaprovaram nada directamente, apenas "remeteram a referendo", tal como fez Pilatos, na Bíblia. E tal como o episódio de Pilatos na Bíblia, nós sabemos como é que o povo consegue ser irracional quando está exaltado e preocupado, e tem de tomar decisões com base na ignorância e na contra-informação).
Este blog é principalmente sobre o FOREX, falemos então da moeda EURO, que já começou a mostrar a gravidade desta nova situação de indefinição de "projecto Europeu", para o futuro da Europa, e para o futuro de todos nós! Resta-nos a esperança que os especuladores internacionais, se lembrem (um dia quando o EUR estivér demasiado baixo) que sempre existiu uma forte União Económica Europeia, e que sempre teve esse estatuto mesmo sem uma Constituição Única Europeia. E nessa altura, os compradores de fundo, que olham para os aspectos fundamentais macroeconómicos das moedas, voltarão a comprar EUROS. Mas isto acontecerá se e só se, o impacto político deste chumbo à constituição não traga entretanto, outras implicações na Economia. Pois o grau de importância da Política é superior ao da Economia. A Economia está sempre submetida à Política e esta, está submetida à vontade do Povo (que vive em regimes democráticos). E eu penso que as actuais estruturas da Economia Europeia ainda não estão sériamente ameaçadas por esta "pausa" imposta aos anseios burocráticos de uma unificação constitucional Europeia. De futuro, e como negociadores de FOREX e da moeda EURO, devemos apenas estar atentos se este chumbo à constituição Europeia desperta algum tipo de sentimento anti-europeísta nos povos e vontade de desagregação da moeda única. Isso sim, seria catastrófico para a moeda única europeia. E aos mínimos sinais disso, o Euro deverá sofrer violentamente, senão mesmo, extinguir-se! Nessa altura, estaremos todos entregues a nós mesmos (e ao FMI)...
Profitaker
segunda-feira, junho 06, 2005
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4 comentários:
Caro Profit,
há quem entenda que eleger alguém é passar um cheque em branco a esse mesmo alguém, demitindo-se, assim, de responsabilidades. E é de responsabilidades de que se está a falar.
E a primeira responsabilidade é a de estar informado. Sobretudo da parte de quem, efectivamente, faz parte do "Milénio da Informação" e das suas auto-estradas. Se há coisa que não falta, é informação sobre a Europa e a Constituição. Vontade para a lêr e estudar é que...
A segunda responsabilidade é a do sentido cívico. Nacional, para já. Porque aquilo que se está a discutir não é uma mera Constituição e não se esgota em travar políticas mais ou menos neo-liberais. O que se está a discutir é a cessação do país Portugal e consequente criação de região homónima. Da criação de um Cidadão Europeu, seja oriundo da Grécia ou da Suécia. Será que, alguma vez, da Turquia ?
E a terceira responsabilidade é a de não se demitir da mesma. Não nos justificarmos com "os outros fizeram isto ou aquilo". Até porque, para os políticos mais carreiristas, a constituição de um Estado Europeu abre portas para novos e maiores palcos. Para os restantes, o que sobrar será sempre melhor do que o que têm agora. E nenhum quer ser acusado de anti-europeísta retrógado. Veja-se o caso de vários ex-anti-europeístas... Não tenho a menor dúvida que a Constituição seria aprovada se fosse votada na AR. Mas também não tenho a menôr dúvida que os seus distintos deputados serão os últimos a sofrer qualquer consequência negativa que daí possa advir.
Por esta última razão é que acredito que esta decisão tem de ser tomada pelo Povo. Para que essa decisão seja efectivamente representativa do estado de consciência do mesmo. Para que, de uma vez por todas, assumamos aquilo que conquistamos no dia 25 de Abril de 1974. O direito à escolha, em Liberdade e em consciência.
Obrigado por deixares um comentário ao meu post, Hugo.
Respondendo ao teu comentário, só te queria dizer que a liberdade de expressão e de escolha democrática conquistada em Abril não penso que fosse ameaçada, se não existisse este referendo. Ele não se realizou noutros países europeus, e por acaso, são menos democráticos por causa disso?
Se as forças políticas que nós elegemos nas eleições Legislativas foram eleitas democráticamente isto é, por maioria de votos do eleitorado português, após uma campanha eleitoral onde esclareceram a sua posição em relação à política europeia (ou anti-europeia dependendo do partido) bem como, expondo as teorias económicas de que perfilham (neo-liberais ou ultra-consevadoras dependendo do partido), e se mesmo assim, foram eleitos por maioria, então estão, teoricamente, mandatados para decidirem as políticas internas e externas da nossa nação, inclusivé, para a adopção de uma nova Constituição, se a maioria dos parlamentares nacionais concordarem com isso, é claro. E todos nós sabemos que a maioria dos nossos parlamentares concorda com o SIM a esta constituição (os partidos nestas condições PS+PSD+CDSPP são suficientes para uma maioria de 2 terços).
E até concordo que as pessoas (e com pessoas quero dizer TODOS os nossos eleitores, velhos, novos, analfabetos e doutorados) devem todos esforçar-se para estarem informadas sobre as questões que dizem respeito ao seu futuro (foi o que todos tivémos de aturar durante a campanha eleitoral legislativa), mas... não aceito que são de maneira alguma, obrigadas a saber teoria do Direito Internacioal ou Constitucionalidade, nem são tão-pouco obrigadas a saber navegar na net (como se todos os eleitores portugueses tivéssem net), para procurar o documento de mil e tal páginas com a constituição europeia e estudá-la. Simplesmente é utópico. Tem de haver alguém competente para fazer essa tarefa por nós, tendo em atenção o bom interesse nacional, e essas pessoas são os nossos governantes, eleitos por nós, precisamente para governar e tomar essas decisões difíceis. E governar significa tomar estas decisões difíceis, que eles estão muito mais aptos a avaliar nos seus pormenores técnicos, do que o "zé povinho". Então porquê que não tomam essa decisão e em vez disso, devolveram a constituição às mãos do povo ignorante? Algo não bate certo...
Na minha teoria, o problema (ler o meu post) é que neste mundo económicamente conturbado em que vivemos, eles não quiseram sujar as suas mãos ao associar-se a algo que pode dar para o torto, e que lhes estragaria para sempre a sua carreira política, e é por isso que entregaram esta tarefa impossível ao menos capaz de lidar com ela: O grande e pouco esclarecido povo.
Mas seguindo o teu raciocínio, e admitindo que esta constituição até preveja a criação do país chamado "União Europeia". Qual é o mal disso? Tudo não passa de nomes... não podemos sacrificar o bem-estar futuro e a adaptação às condições económicas e políticas mundiais contemporâneas, em nome de manter tradições anacrónicas de meros títulos e nomes, por mais antigas que sejam. A contínua evolução do mundo obriga a isso! Acredito que muitos portugueses não se importariam de viver núm país chamado "União Europeia", e dentro de uma região chamada Portugal, se isso trouxésse, melhores condições económicas para todos nós. Até conheço alguns que têm pena de não estarmos actualmente dentro de Espanha, partilhando do seu elevado nível de vida!
Agora, com este EURO em queda livre, a perder valor contra o Dólar por causa do resultado dos referendos, e com o petróleo por exemplo, a ser comprado em Dólares, já podemos prever a inflacção Europeia a disparar, e o flagelo das taxas de juro a atingir todas as famílias europeias. Essa é o resultado de esta constituição não ter sido aprovada pelos governantes esclarecidos, em lugar de se terem demitido cobardemente desse dever para o qual foram mandatados e criando este embróglio político que embaraça a imagem da Europa no mundo e enfraqueçe a sua força negocial competitiva neste mundo globalizado.
Em democracia, a maioria manda! E se a maioria do povo português votou em partidos auto-proclamados defensores da integração Europeia, então eles deviam ter coragem de usar o seu mandato e aprovar o que tem de ser aprovado, independentemente dos riscos para esses mesmos políticos, caso as coisas não corram bem.
Finalmente, não acho que, em um futuro país chamado "União Europeia", os profissionais políticos tivéssem mais e melhores tachos! Pelo contrário... pois vejamos, se é através fragmentação de um território que se criam mais "tachos" políticos então, pela união dos territórios acontece exactamente o oposto: aumento do desemprego dos políticos. Veja-se qual era uma das principais criticas à proposta da Regionalização em Portugal: iria criar mais sedes regionais e logo, mais tachos para políticos espalhados por esse país fora. Unir ainda mais políticamente a Europa, tem o efeito oposto, desempregaria muitos políticos redundantes. O que nos poupava uns trocos, a tos os contribuintes europeus. Por outras palavras, os próprios políticos podem não estar interessados neste anseio burocrático (porque este projecto de constituição foi criado por burocratas) de ter uma constituição única. Eles preferem manter tudo como está, inclusivé os seus tachinhos em perfeita segurança nos seus países de origem bem como, não terem de correr riscos de ficarem associados a decisões que podem dar para o torto. E por isso, boicotaram indirectamente esta constituição, entregando-a ao povo para a referendar.
O povo por sua vez, incapaz de se esclarecer sobre o assunto, e envenenado pela propaganda dos eternos anti-europeístas e afligidos pela sua débil situação económica actual, confusos e ignorantes, votam pelo medo, votam pelo NÃO, pois sabemos que o medo, a sensação de desconforto com a sua situação actual, retrai o desejo de expansão no íntimo das pessoas, mesmo que os técnicos demonstrássem que isso era bom para elas! (nem isso se preocuparam em dinamizar, em esclarecer as vantagens). E isso manifestou-se neste chumbo, tanto em França, como na Holanda (países maioritáriamente contribuidores no seio da união). E mais chumbos virão, sempre que se fizer um referendo do género num país rico da união, e neste contexto de crise económica global.
Este referendo nunca devia ter sido entregue ao povo para decidir, mas sim aos nossos políticos, com formação economista, jurista, técnica e patriotas, democráticamente eleitos por todos nós.
E esses deviam ter tido a coragem de assumir essa responsabilidade patriótica, e não pensarem em agendas políticas pessoais egoístas e/ou cobardes!
Este "NÃO", não é um "NÃO" à constituição referendada, é um NÃO ao referendo em si mesmo! e um NÃO a esta espécie corrupta de políticos contemporâneos.
Profit,
acerca do facto de termos eleito os nossos representantes, deixo-te um pequeno exercíco, que também é um desafio: sem consultar nada, diz qual foi o 6º candidato a deputado pelo círculo eleitoral onde resides.
Hugo Rego
Hugo, com o devido respeito, não considero muito importante saber qual foi o 6º deputado eleito pelo meu circulo eleitoral, isto pelo simples facto de, como tu sabes bem, é o líder do partido desse mesmo deputado, que coordena e apresenta as propostas legislativas na assembleia da república. Os deputados, na minha modesta e provavelmente incompleta opinião, servem apenas para levantar o braço (ou carregar no botão) na altura da votação das propostas de lei. Resumindo e pegando novamente no nosso tema, o que importa principalmente é saber qual a ideologia Europeia que os nossos partidos defendem, e qual o modo de pensar e de falar dos representantes cimeiros desses mesmos partidos e depois basta eleger o que mais nos agrada de 4 em 4 anos, nas legislativas. O resto dos deputados e "boys", são irrelevantes, e só servem para fazer número no momento de votar (e por isso, há quem defenda a diminuição do nº de deputados na assembléia), pois quem sanciona as políticas apresentadas por um partido político, continuam a ser os "barões" desse mesmo partido. Só as palavras desses relativamente à política externa europeia é que merecem a nossa máxima atenção e ponderação no momento de os sufragarmos. Por isso é que digo que basta votarmos num partido (=ideologia) e não numa constituição que ninguém está apto a compreender. Eles que façam o seu trabalho patriótico, estudem-na e sancionem a constituição se acharem que é melhor para os portugueses. A nós é que não nos compete uma tarefa impossível desse género! Este referendo é uma loucura que nunca deveria ter sequer existido, e só nos está a prejudicar aos olhos do mundo, pela confusão e divisão que está a criar entre os europeus amedrontados e pouco esclarecidos! Felizmente, 9 países já o sancionaram através dos seus parlamentos, que é como TODOS deviam ter feito para evitar este grande embróglio onde agora vamos estar metidos durante pelo menos 2 anos devido à paralisia política e desvalorização monetária que nos deverá prejudicar imenso! Seja como for, o referendo agora já nem faz sentido ser realizado em mais nenhum país, até porque sem a ractificação da França e da Holanda, esta constituição ja morreu e é uma perda de tempo referendá-la. Acho que pela minha parte, a minha idéia já ficou bem clara. O meu NÃO é contra a realização do referendo própriamente dita, e não contra uma constituição que eu nem sequer estou em condições de poder estudar! Neste ponto de vista, até talvez a abstenção ou o voto em branco fosse o meu melhor voto do ponto de vista prático! Mas do ponto de vista prático também, a constituição já morreu e deixou-nos a moeda EURO a desvalorizar-se nas nossas mãos. Obrigado pela tua participação, comenta sempre. Um abraço.
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